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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O CASTIGO DE ARACNE - Nicéas Romeo Zanchett


O CASTIGO DE ARACNE 
Por Nicéas Romeo Zanchett
                   Aracne foi uma belíssima tecelã que vivia na Lídia e era muito talentosa para criar lindos desenhos para seus artísticos bordados.
                    Para admirar seu belíssimos trabalhos todos gostavam de visitá-la em seu atelier. Um dia ela recebeu a visita de duas ninfas que viviam num bosque próximo à sua casa. Admiradas por seu talento, elas lhe perguntaram: 
                    - Quem te ensinou a fazer esses belíssimos bordados? Com certeza foi a deusa Minerva!
                    - A deusa Minerva? respondeu com orgulho a jovem tecelã. Estão muito enganadas. Todos os meus bordados são fruto de minha imaginação e habilidade. Minerva nunca me ensinou nada!
                    - Você é mesmo muito soberba, Aracne, replicaram as ninfas. Pois deveria venerar a deusa, em lugar de desprezá-la. Que é habilidosa e capaz, não há duvida; entretanto, nenhum mortal pode competir com a deusa Minerva, filha de Júpiter! 
                    Em seguida retiraram-se, em sinal de reprovação ao que lhes dissera a bela e orgulhosa jovem tecelã. 
                     Passados alguns dias, Aracne ouviu que a estavam chamando à porta de sua casa.  Era uma senhora muito velhinha, com o rosto já coberto de rugas e cabelos muito brancos e ralos que cobriam sua fronte. A estranha anciã suplicou humildemente: 
                     - Tenho ouvido muitos elogios ao seu trabalho e gostaria de admirá-los. Me deixa entrar um pouquinho para apreciá-los de perto?  
                     - Pois não minha boa vovozinha, pode entrar! - respondeu Aracne gentilmente.
                     - A velhinha entrou e mancando apoiada em uma bengala, caminhou lentamente aproximando-se do tear da jovem tecelã. 
                     - Realmente você é muito talentosa - disse meigamente - mas é melhor que não seja muito orgulhosa por isso. Ouvi as pessoas falarem o que você disse às ninfas do bosque e vim até aqui para lhe dar um conselho. Não desafies a deusa Minerva. A nunca conheceu alguém que tivesse mais talento que ela e, se viesse até aqui e visse seu trabalho, certamente haveria uma competição na qual você sairia vencida. 
                       Mas Aracne não se intimidou e disse: 
                       - Já falei e repito, não tenho medo e estou pronta para competir com ela quando quiser, respondeu impetuosamente Aracne.  

                       Ao ouvir essas palavras, a velhinha que até então estava curvada, ergueu o busto, endireitou o o corpo tornando-se esbelta e elegante; as rugas desapareceram de seu rosto, os cabelos se encorparam e tornaram-se vistosamente ruivos, e as vestes velhas e surradas transformaram-se em riquíssimos trajes.. 
                       - Heis-me aqui, Aracne. Você queria competir comigo, pois estou aqui. vamos ver quem é mais habilidosa. 
                       A deusa sentou-se diante de um tear de oro,  que ali foi levado por mãos invisíveis, e a mortal donzela tecelão foi sentar-se junto ao seu tear de madeira. 



                      Ambas trabalharam dias e noites, sem descanso, silenciosamente. O desejo de vitória que cada uma tinha dava-lhes força e tornava-as infatigáveis. 
                      Minerva produziu, em sua tela, o Monte Olimpo com o palácio de Júpiter e todos os deuses. Aracne, por sua vez representou algumas aventuras e episódios da vida dos próprios deuses. 
                     Os dois trabalhos ficaram maravilhosos, absolutamente impecáveis. As figuras bordadas pareciam vivas, dotadas de movimentos, animando com sua presença os fundos perfeitamente desenhados e de harmoniosos coloridos. Mas o trabalho de Minerva resplandecia como iluminado por uma luz misteriosa... E isso não acontecia com a belíssima obra de Aracne. 
                     - Seu trabalho é realmente esplêndido, sem qualquer defeito, disse a deusa, com acentuação severa na voz e trêmula ira. - No entanto, o meu possui uma luz divina, que nenhum trabalho mortal poderá ter! 
                     Sentido-se vencida e humilhada, Aracne inclinou a cabeça. 
                     E então Minerva, com voz terrível, disse-lhe: 
                     - Que tua arrogância seja castigada!  E com suas implacáveis mãos destruiu o trabalha da jovem tecelã. 
                      A comoção de Aracne foi tão violenta que ela sentiu-se desfalecer e pensou que estava morrendo.
                    - Não! Você não morrerá! afirmou a deusa com a voz já um tanto meiga e vencida pela compaixão. Viverá, embora sob outra forma, e sua vida sempre estará pendente de um fio...
E assim dizendo, tocou Aracne com a ponta de sua lança. O corpo da donzela começou a contrair-se, a reduzir-se, tornando-se pequeno e escuro; os braços e pernas dividiram-se pata formar oito patas e a sua formosa cabeça transformou-se em cabeça de um bicho estranho, de olhos saltados... A soberba donzela fora transformada em aranha.  
                   Foi a partir desse dia que a aranha passou a tecer e tornar a tecer a sua teia, cujos fios, na sua delicadeza, refletem os raios do sol.
 
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Nicéas Romeo Zanchett 
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terça-feira, 4 de junho de 2013

O NASCIMENTO DE MINERVA, FILHA DE JÚPITER

O NASCIMENTO DE MINERVA, FILHA DE JÚPITER
                  Apesar de ser um deus, Júpiter, às vezes, padecia de certas dores físicas, como qualquer mortal. Um dia acordou com fortes dores de cabeça e, como era muito impaciente, pensou: 
                  - Preciso acabar com essa dor; o melhor é abrir logo a minha cabeça para saber o que há lá dentro que me causa tanta dor. 
                  Imediatamente mandou chamar seu amigo Vulcano; era o deus mais feio do Olimpo; por ser ferreiro, estava sempre sujo de fumaça e carvão produzidos por sua forja, onde passava o dia inteiro a trabalhar. Todos os conheciam porque era o ferreiro do Olimpo. De suas prodigiosas mãos saiam os mais diversos objetos de metal e ferro, além de joias com cintilantes pedras preciosas incrustadas em ouro e prata. 

                  Ante o chamado imperioso de Júpiter, Vulcano, que além de feio era coxo e caminhava puxando de uma perna para o lado, foi logo atender o deus. Lá chegando disse ao soberano: 
                  - Pronto - estou aqui para atendê-lo. 
                  Então Júpiter explicou que estava sentindo uma terrível dor de cabeça, e ordenou que lhe abrisse o crânio para ver o que havia de errado ali. E disse-lhe:
                  - Não hesite! - abra logo meu crânio - já não estou mais suportando essa dor.
                  Perante esta estranha ordem, Vulcano ficou sem saber o que fazer, mas resolveu obedecer e, com uma machadada precisa, rachou o crânio do deus em duas partes.
                   Qual não foi seu espanto! ... Como um pintinho que sai do ovo, uma linda mulher saiu da cabeça do soberano; sua beleza era surpreendente. Sobre seus cabelos ruivos cintilava um belo capacete de ouro; seu peito era protegido por uma fulgente couraça de aço polido; em sua mão reluzia uma aguda lança. Surgiu desferindo um grito de júbilo. Todos os deuses correram para saudar e festejar a maravilhosa deusa Minerva, nascida da cabeça de Júpiter. 
                    Minerva é a deusa dos artesãos, mas tinha muitos outros atributos. 
Nicéas Romeo Zanchett 
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No próximo episódio a deusa Minerva dá uma lição de humildade na artesã Aracne, que era muito orgulhosa.
Nicéas Romeo Zanchett

 

JÚPITER RECONQUISTA SUA AMADA JUNO


JÚPITER RECONQUISTA SUA AMADA JUNO
                  Júpiter já não aguentava mais a saudade de sua amada Juno. Pensando no melhor modo de resolver a situação, lembrou-se que na Beócia vivia o rei Cítero, famoso por sua astúcia. Imediatamente foi ter com ele e narrou-lhe o que tinha acontecido. Cítero, homem bastante habilidoso, mandou fazer uma belíssima boneca de madeira, do tamanho de uma mulher; mandou vesti-la ricamente e com toda a arte; colocou-a num carro puxado por majestosos touros brancos, de enormes chifres. Mesmo de perto, parecia uma mulher de verdade e, mais ainda, uma ninfa celestial. 
                   - Espere-me em meu palácio, disse a Júpiter, e deixe-me agir. 
                   Pôs o carro em marcha e começou a percorrer a terra, anunciando por toda a parte que sua companheira era a noiva de Júpiter. Seu objetivo, obviamente, era provocar ciúmes em Juno, o grande amor que Júpiter queria reconquistar. 
                   Certa manhã, a velha madrinha de Juno, Macri, soube do que iria acontecer, ou seja, um novo casamento de Júpiter. Imediatamente foi contar à sua afilhada. Juno, ao saber que seu amado já estava para se casar com outra, ficou muito despeitada e sofreu amargamente.
                  O plano de Cítero dera certo. A deusa Juno, não se conformou com aquela situação e, sem perder tempo, saiu à procura do carro; ao avistá-lo foi em sua perseguição. Quando o alcançou, morrendo de ciúmes, num arrebatamento de ira, atirou-se contra a boneca, rasgando-lhe as ricas vestes e arrancou o véu que lhe vedava o rosto... Qual não foi sua surpresa e desapontamento, quando viu que sua rival não passava de uma boneca de pau!
                  A princípio ficou muito zangada com Júpiter por tê-la feito de boba perante todos. Mas, logo a seguir, compreendeu que ele havia recorrido a esse estratagema porque a amava muito e ansiava pela reconciliação. Convencida, Juno se pôs a rir e ocupou, no carro, o lugar da suposta rival.
                     Cítero, então, levou-a de volta para os braços de Júpiter, que não se cabia de tanto contentamento. O ciúme e o medo de perder seu amor, fizeram-na compreender que foram feitos um para o outro.
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Nicéas Romeo Zanchett 
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No próximo episódio, você saberá como foi o nascimento MINERVA, filha de Júpiter e Juno.
Nicéas Romeo Zanchett  

O CASAMENTO DE JÚPITER

                                                     O CASAMENTO DE JÚPITER
             Tudo estava bem no palácio, mas Júpiter sentia a falta de uma companheira que lhe fose totalmente fiel; sabia que uma esposa viria alegrar sua vida; desceu à terra e encaminhou-se para a ilha de Eubéia, onde morava uma bela jovem chamada Juno; ela tinha grandes olhos azuis, cabeleira longa e braços branquinhos como a neve. Juno residia em companhia de de sua madrinha, a velha e amorosa Macri. 
               Era inverno e fazia muito frio, mas, mesmo assim a jovem Juno resolveu dar um passeio pelos campos. De repente, percebeu o rumor de asas, e um pássaro de penas escura pousou em seu ombro; era um pardal, que tremia de frio. Juno acariciou-o com doçura, acalentando-o com seu suave sopro morno para enxugá-lo da neve que caía.  Mas subitamente, o pardal voou e, em seu lugar, apareceu a majestosa figura de Júpiter.


                    - Oh, belíssima Juno! disse-lhe o deus. Desejo que seja minha esposa e que venha morar comigo no palácio do Monte Olimpo. Ela sentiu-se muito honrada e foi embora com o deus Júpiter, não sem antes avisar sua querida madrinha, que ficou muito feliz com a notícia.
                    O casamento foi celebrado com grandes festas e os deuses acolheram com júbilo a nova soberana.  A festa no palácio durou vários dias e noites.

                    Júpiter e Juno amavam-se muito, mas não se pode dizer que sempre viveram em harmonia.
                    Como se sabe, o rei dos deuses tinha um gênio muito difícil; era impetuoso e não aceitava ser contrariado. Uma de suas exigências, causada pelo seu ciúme, é que Juno nunca deveria sair do Olimpo. Ela nunca gostou disso e quando ele se ausentava  para realizar uma viagem à terra, em cumprimento de seus deveres de soberano divino, sempre o recebia no regresso com ásperas repreensões. O deus respondia com impaciência e isso provocava grandes discussões entre eles. Nessas ocasiões o céu escurecia e desencadeavam-se grandes tempestades de chuvas, com ventos, raios e trovões. 

Mas, no momento em que o casal se reconciliava aplacavam-se a fúria dos elementos do universo e tudo voltava à calmaria.
                       Geralmente esses aborrecimentos não duravam muito porque havia muito amor entre eles. Mas, um dia em que Júpiter se encontrava muito irritado, mais do que o de costume, Juno, exasperada, tomou uma decisão: 
                       - Vou abandonar o Olimpo; dessa forma não vou mais viver aqui.   E desapareceu num repente. 
                        Júpiter ficou muito triste com isso; queria sair à procura de sua amada Juno para trazê-la de volta ao palácio. Mas como era muito orgulhoso, não quiz dar o braço a torcer e ficou esperando que ela se arrependesse e voltasse espontaneamente. Como ela não voltava, ele teve de tomar uma decisão radical. 
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Nicéas Romeo Zanchett  
LEIA TAMBÉM > AS FÁBULAS DE ESOPO
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No próximo episódio você saberá qual foi a estratégia que o deus Júpiter usou para trazer de volta sua amada Juno.
Nicéas Romeo Zanchett

segunda-feira, 3 de junho de 2013

JÚPITER NO MONTE OLIMPO




JÚPITER NO MONTE OLIMPO 
                     Depois de restabelecer a paz, Júpiter escolheu o Monte Olimpo para sua residência oficial.  Uma altíssima montanha da Grécia; era uma elevação inacessível, ornamentada de alvíssimas geleiras  e coroada de nuvens. Em suas encostas íngremes e escarpadas, cresciam gigantescas árvores de luxuriantes e sombrias copas, entre viçosas trepadeiras floridas, torrentes de águas límpidas e cascatas rumorosas. 
                     No alto do monte, edificou um esplêndido palácio com paredes de mármore polido e tetos de ouro deslumbrante, completamente rodeado  de um pórtico, aberto para um vasto jardim.
                        A primavera ali reinava perenemente; todos os dias, entre a relva, abriam-se maravilhosas flores com suas brilhantes coroas. O ar era sempre fresquinho e a luz do sol brilhava com toda a sua pureza e esplendor. 
                      Na mais ampla sala do palácio estava o trono , todo de marfim, com incrustações de ouro e pedras preciosas, sobre o qual se sentava Júpiter, envolto num manto de púrpura: largas madeixas de seus cabelos encaracolados caíam-lhe sobre os ombros e sob a ampla testa, cercada por uma coroa de louros, brilhavam seus olhos azuis.  A seus pés estava sempre a rainha das aves, uma águia, para ele sagrada, cujos olhos, não temiam fixar o sol.

                      Na magnífica residência, reinava a mais completa paz; às vezes, quando alguma coisa o contrariava, Júpiter era acometido por impulsos de ira. Nesses momentos, grossas nuvens escuras se acumulavam no céu e cobriam o alto do Monte Olimpo, lançando sobre a terra grandes tempestades, sempre acompanhadas de relâmpagos e trovões. 
                    Porem, pouco a pouco as iras do deus iam se acalmando. Os ventos abrandavam-se e encurvava-se no céu um belo arco-íris multicolorido. Era a ninfa Íris, mensageira divina, que estendia no céu aquela faixa de sete luminosas cores. Este era o modo de Júpiter manifestar aos homens o seu supremo poder; desde os reis até o mais humilde mortal, todos sabiam que deviam temer a cólera e os castigos do deus. 
                       No palácio viviam também outros deuses, cuja vida era plácida e tranquila. De manhã bem cedo, uma bela jovem chamada Aurora, com cabelos cor de rosa, abria as portas do palácio e uma suave luz difundia-se pela abóbada celeste. Os deuses levantavam-se de seus leitos de ouro e púrpura e iam reunir-se na sala do trono.  Lá encontravam  uma grande mesa farta, bem preparada e banqueteavam-se alegremente; comiam ambrosia e bebiam néctar, especialmente preparados para eles; enquanto isso as nove Musas e as três Graças, formosas donzelas, entoavam harmoniosos cânticos e bailavam, executando graciosas danças, ao compasso de músicas de suavidade incrível. 
                     Hebe, a deusa da juventude, em taças de ouro, oferecia licores aos deuses, e todos que as beijavam nunca mais envelheciam. 
                     Em outro palácio, um tanto afastado de de Júpiter, habitavam as Parcas, filhas das trevas, cujos nomes eram Cloto, Laquéis e Átropos. As paredes desse palácio era de bronze e nelas estavam gravados o destino dos homens e o caminho dos astros. 
                   As três deusas, cobertas de véus brancos, constelados de estrelas e com coroas de narcisos, ficavam assentadas em fulgurantes tronos, tendo nas mãos os fusos com que fiavam lã. Com os fios brancos mesclavam-se outros dourados e negros. Fiavam a vida dos homens da terra. Os fios de ouro indicavam dias de felicidade e os negros marcavam os dias de desgraça. Quando uma vida chegava ao fim, a meada rompia-se; então morria aquela pessoa. 
Nicéas Romeo Zanchett
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No próximo episódio, você saberá como foi o casamento de Júpiter.
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Nicéas Romeo zanchett
 






sábado, 1 de junho de 2013

JÚPITER TOMA O PODER DE SEU PAI

                                             JÚPITER TOMA O PODER DE SEU PAI
                    Quando Júpiter se sentiu forte o bastante, procurou seu pai e o derrotou, tomando seu poder e expulsando-o do céu. E então, cheio de orgulho e autoridade, começou a reinar como soberano do mundo.
                     No início seu reinado não foi tranquilo, pois os titãs declararam guerra ao novo senhor do universo e resolveram atacar o céu, para derrotá-lo e arrebatar-lhe o trono. 
                      Seres poderosos, com seus enormes e musculosos braços, carregaram e acumularam pedras em grande quantidade, até formar uma alta montanha; do alto dessa montanha a multidão de seres atirou-se ao tremendo assalto para tomar-lhe o poder. 
                      Júpiter resolveu, então, chamar em seu auxílio os ciclopes, que tinham suas cavernas no centro da terra, onde trabalhavam na fusão de metais, sob as ordens e vigilância de três gigantes, cada um com cem braços e cinquenta cabeças. Quando Júpiter apareceu, os gigantes e ciclopes pararam seu trabalho para ouvi-lo. O silêncio que então se fez só era perturbado pelo poderoso movimento do imenso fole, que servia para soprar o fogo e mantê-lo aceso. No local havia enormes e crepitantes labaredas que estalavam como explosões de fogo. 
                       Júpiter então lhes disse: 
                       - Vim pedir vosso auxílio, pois os titãs querem assaltar o céu para destronar-me. Se me ajudarem contra eles, no fim da guerra eu os recompensarei libertando-os de vossa prisão subterrânea.  

                       - Nós lhe ajudaremos - responderam em coro os ciclopes e gigantes, cujas palavras estrondaram como a força dos trovões. Em poucos minutos armaram-se de flechas, machados, martelos de ferro e pedras para lutar.
                       Júpiter, seguido daquela legião de poderosos aliados, saiu para a superfície  da terra. Ressoou um clamoroso grito de guerra, que ecoou nas mais profundas cavernas e fez levantar os oceanos, cujas   ondas subiam espumantes a enormes alturas.
                        Os dois exércitos inimigos chocaram-se tremendamente, misturaram-se, confundiram-se, lutando em meio a uma tempestade de flechas e pedras. 
                         Durante longo tempo, a batalha manteve-se indecisa; mas, a certa altura da luta, apareceu Júpiter sobre um fulgurante carro de ouro e pedras preciosas, puxados por cavalos alados. Lançou-se contra os titãs, fazendo com que os fortes e ágeis cavalos levassem seu carro a grande velocidade. 
 


Ouviu-se então uma forte descarga, a que se seguiu o estrondo de um trovão; o grande deus havia desferido o seu primeiro e fulminante raio. Seguiu-se outras e outras descargas, sempre fuzilando poderosos raios... A atmosfera escureceu-se, e era de momento a momento iluminada pelos raios, que mais pareciam poderosas setas de fogo. Caíam em sobre os monstros, incendiando-os e exterminando-os. 
                         Os ciclopes, soltando horrendos brados de vitória, iam sepultando os titãs sob montões de pedras.
                          E assim terminou a guerra. E o mundo, livre dos monstros que o dominavam, sorriu feliz ante a imponente figura luminosa e a radiante fronte do vitorioso deus. 
Nicéas Romeo Zanchett 
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No próximo episódio, Júpiter reina poderoso no Monte Olimpo.

 
               
 

A INFÂNCIA DE JÚPITER

A INFÂNCIA DE JÚPITER 
                       Como já lhes contei, Rea, a mãe de Júpiter, para salvar seu filho o deixou com as ninfas do bosque e voltou para junto de Saturno -Cronos-, seu esposo. 
                        As ninfas, muito solicitas, prepararam para o infante uma bela cama de ouro e nela o deitaram carinhosamente. Depois fizeram vir uma cabrita, alva como a neve, chamada Amaltéia, para que o amamentasse. 

                        No aprazível bosque também havia milhares de abelhas, que fabricavam um precioso mel, de grande doçura e inebriante perfume. Puseram-se todas a trabalhar ativamente, com seus zumbidos frenéticos, para produzir imensas quantidades de nutritivo e saboroso alimento, exclusivamente para o sustento do divino recém nascido. 

                        Do outro lado do mar veio um bando de pombinhas brancas, trazendo para o infante, em seus rosados bicos, a inefável ambrosia, alimento destinado aos deuses, para lhes dar e conservar a imortalidade.  Mais tarde veio uma águia de grandes e robustas asas, portadora de generoso néctar, a bebida própria dos deuses. 
                         A ninfa Adrástia, por sua vez, fabricou para o menino um maravilhoso brinquedo: uma bola de ouro cinzelada -(esculpida cuidadosamente com cinzel). A formosa ninfa  jogava para o alto a bola, e Júpiter, ao vê-la brilhar, agitava as mãozinhas e ria.
                        Algumas vezes, no entanto, como acontece a todos os bebes, ainda que sejam divinos, Júpiter tinha lá seus caprichos, suas teimas, gritava e chorava. As ninfas chamavam em seu auxílio os sacerdotes, que começavam imediatamente a dançar em circulo, na frente da gruta, batendo nos escudos de bronze com as espadas. Com tal barulho ensurdecedor, era impossível ouvir o choro do bebe... Saturno, que estava desconfiado, dificilmente o acharia; só mesmo por casualidade. 
                         Júpiter ia crescendo forte, são e maravilhosamente belo. Brincava no bosque com os pequenos faunos e sátiros, animais silvestres, ágeis e divertidos, cujo corpo era de homem, mas possuíam patas de cabrito e dois pequenos chifres entre cabelos.
Sobre a relva constelada de flores davam saltos e cambalhotas, executando incríveis acrobacias. A própria cabra Amaltéia tomava parte nesses movimentados folguedos. 
                          E assim foi passando o tempo, até que um dia Júpiter, já crescido, homem feito, sentiu-se confiante nas próprias forças e capaz de enfrentar o desnaturado pai, que quisera devorá-lo.
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No próximo episódio você irá saber como Júpiter tomou o trono do pai e passou a governar em seu lugar.
Nicéas Romeo Zanchett 
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sexta-feira, 31 de maio de 2013

CRONOS DEVORAVA SEUS FILHOS

CRONOS DEVORAVA SEUS FILHOS
                   Saturno -Cronos ou Tempo, como o chamavam os gregos -  estava muito preocupado com a profecia de que seria destronado por um de seus filhos. Para evitar perder o trono, ele passou a devorar todos os filhos que nasciam. Logo após o nascimento de cada filho ele apoderava-se da criança e o devorava imediatamente, sem dó nem piedade. 
                   Imaginem o desespero da mãe Rea, sem saber o que fazer. 
                   Um belo dia nasceuo pequeno Júpiter ou Zeus. Tinha olhos luminosos, cor do céu, e longos cabelos dourados. Rea jamais havia  tido um filho tão bonito! Para salvá-lo, decidiu recorrer a uma estratégia: Apanhou uma pedra do tamanho de uma criança, envolveu-a cuidadosamente com panos e se apresentou ao esposo, acalentando-a nos braços, como se fosse uma criança. 
                    - Aqui tens outro filho. Se quer devorá-lo, já está preparado. 
                    Era justamente a hora da ceia e Saturno - Cronos - estava com muita fome. Na penumbra da noite, nada percebeu. Tomou o embrulho das mãos  de Rea e engoliu a pedra com panos, sem reparar nisso. 
                    Feito isso, rápida como uma seta, Rea correu para onde havia deixado o filho, carregou-o e fugiu, protegida pela escuridão da noite. Depois de muito caminhar, chegaram à formosa ilha de Creta, lá no mar mediterrâneo, onde havia pensado refugiar-se, porque seus habitantes sentiam por ela uma grande veneração.  Lá residiam os sacerdotes adepto do seu culto, anciões de longas barbas brancas, que celebravam as cerimônias de maneira muito curiosa: dançavam desordenadamente, fazendo um barulho infernal e desferindo golpes com suas curtas espadas contra grandes escudos de bronze.
                     No centro de um frondoso e espesso bosque da ilha, abria-se uma profunda gruta, que Rea julgou um seguro refúgio para o pequeno Júpiter, e nela penetrou. Uma deliciosa frescura reinava entre suas paredes recobertas de verdes musgos e vegetação florida. As heras, enraizadas nas rachaduras das pedras e nas frestas dos rochedos, revestiam o interior da gruta, em grande parte, de uma folhagem viçosa e linda. 
                     - Formosa e querida hera, símbolo da constância e da amizade, exclamou suplicante, estende teus ramos, bem unidos e entrelaçados à entrada desta gruta para fechá-la completamente.  Foi o que aconteceu no mesmo instante.   E asim, o pequeno Júpiter estava em lugar seguro. 
                     Sem perder um minuto, Rea chamou as ninfas do bosque e confiou-lhes seu filho. 
                     - Tenham com ele o maior cuidado, recomendou. E, assim dizendo, beijou os vastos e dourados cabelos da criança, que dormia, e retirou-se apressadamente. 
No próximo episódio, você saberá o que aconteceu com o pequeno Júpiter. 
Nicéas Romeo Zanchett 
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A ORIGEM MITOLÓGICA DO MUNDO - O CAOS

A ORIGEM MITOLÓGICA DO MUNDO 
O CAOS 
                    Na antiquíssima noite dos tempos, só existia o "caos", um infinito abismo de trevas, uma informe massa de matéria bruta. Assim foi por incontáveis bilhões de anos.
                    A massa de matéria bruta explodiu - Big Bang - e formou o universo que, pouco a pouco, foi se expandindo e formando as galáxias e planetas que hoje conhecemos.
                    No mundo grego da antiguidade, ainda não se conhecia a teoria do Big Bang e, por isso a Mitologia Grega só fala que os elementos se separaram formando o Céu e a Terra. Segundo nos informa, mitologicamente, o mundo surgido foi habitado por divindades terríveis e monstruosas, os titãs e ciclopes, altos como montanhas e de horrível aspecto. Os gigantes, cuja força era espantosa, tinham até cem braços e cinquenta cabeças; os ciclopes eram seres selvagens e ferozes, com um olho só.
                     Sobre o Universo reinava o deus Saturno, a que os gregos chamavam Cronos ou Tempo, e que desposou a deusa Rea.   Sobre a felicidade de ambos pesava uma terrível ameaça, pois haviam profetizado a Saturno que seria destronado por um de seus filhos, o qual se tornaria então o deus soberano do mundo. 
No próximo episódio você saberá qual foi a atitude de Saturno para garantir seu poder de soberano. 
Nicéas Romeo Zanchett 
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MITOLOGIA


MITOLOGIA
                  A palavra mitologia quer dizer "História fabulosa dos deuses, semideuses e heróis da antiguidade; a ciência dos mitos;  conjunto de fábulas com explicações sobre os mitos." 
                  Os mitos são tradições lendárias que procuram explicar os principais acontecimentos da vida por meio do sobrenatural.
                  A importância primordial da Mitologia reside em todo o seu vasto influxo na Arte e, em especial na Literatura. E, desse ponto de vista, de todas as mitologias do mundo, a mais importante foi, sem dúvida, a da Grécia antiga. Exerceu decisiva influência não só na Antiguidade Clássica, mas ainda nos tempos modernos, por ocasião do movimento cultural  chamado Renascimento. 
                  Alguns anos antes do nascimento de Jesus Cristo, os gregos e romanos rendiam culto a certos deuses, cuja morada, segundo acreditavam, era no Monte Olimpo, de onde baixavam à terra para trazer aos homens alegrias ou tristezas. 
                   Essas divindades símbolos, nomes, representações que lembravam - e ainda lembram - as eternas forças da vida humana e de todo o universo. 
                   Se Netuno, por exemplo, era o Mar, Minerva representava a Sabedoria e Apolo simbolizava o Sol. São nomes de deuses que significam ou indicam perfeições e defeitos humanos, ou também simbolizavam mundos e fenômenos da natureza. 
                   A esses deuses, bem como aos semideuses do Olimpo, os antigos gregos atribiuiam vida mais humana que divina. 
                   É muito importante que as crianças os conheçam, porque os nomes dessas lendárias entidades, dessas divindades mitológicas e seus feitos figuram na História e, mais ainda, alimentam as artes e a literatura. Com a mesma frequência aparecem em livros e museus. 
                   Aqui, de forma pedagógica, procuro dar às crianças uma noção simples, mas suficiente para facilitar seu aprendizado ao longo de sua formação.
Nicéas Romeo Zanchett 
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